Sanitários abrigam grupos desportivos

Instalações que estavam fechadas e degradadas foram cedidas a colectividades do concelho. No Araújo, em Leça do Balio, o clube é obrigado a franquear as portas das casas de banho a quem necessitar.

Após décadas ao serviço da população, a que se seguiram anos de abandono, algumas casas de banho públicas de Matosinhos servem, agora, para aliviar as finanças de alguns pequenos clubes e associações recreativas.
Com muitos atletas e poucos sócios "só entra despesa. Por isso precisávamos de ter aqui um pequeno bar para fazer algum dinheiro".
Joaquim Augusto é presidente da Direcção do Grupo Desportivo do Bairro dos Pescadores e falou ao JN na "liliputiana" nova sede do clube, junto à igreja do Bom Jesus de Matosinhos. Um sofá, uma televisão, três prateleiras com troféus e algumas fotos nas paredes compõem o "salão" de convívio. Um pequeno e estreito corredor leva à sala da Direcção, onde também se guardam os equipamentos dos pequenos atletas (o clube dedica-se apenas às camadas mais jovens do futsal).
Joaquim Augusto mostra as camisolas e explica por que as há de cores diferentes. "O Futebol Clube do Senhor do Patrão [também instalado numa antiga casa de banho pública] já não tem futebol e ofereceu-nos os equipamentos. Mandámos fazer emblemas nossos e vamos cosê-los por cima".
Joaquim Timóteo preside ao Senhor do Padrão, com sede na Rua de Primeiro de Dezembro. Já teve futebol e agora brilha nas mesas de bilhar, nas modalidades livre e de "pool". "Não temos sócios. O clube é composto pela Direcção e por 20 atletas. Somos ajudados pela Câmara, pela Junta de Freguesia de Matosinhos e temos um protocolo com o Leixões. Estamos na Primeira Divisão Nacional", referiu.
O ar já escaldava e as brancas paredes da sede da Associação Desportiva e Recreativa do Araújo, também ela uma antiga casa de banho pública, anunciavam um oásis de frescura. Desilusão. "Isto é pequeno, mas muito quente no Verão e gelado no Inverno", anunciou, à laia de boas-vindas, António Macedo, presidente daquela instituição matosinhense.
"Infelizmente, estou reformado, de modo que abro o bar às nove horas e por aqui vou ficando até à noite. É uma prisão, mas não aparece ninguém para me substituir. Esperamos que os associados regressem agora com a nova sede e, quem sabe, alguém me substitua", confessou António Macedo.
A sede foi cedida pela Junta de Freguesia de Leça do Balio e, em protocolo, o clube obriga-se a franquear o WC a quem dele necessite. Em Leça da Palmeira, os escoteiros têm numa das casas de banho da ponte móvel um local de arrumação.